Os animistas voltaram para seus corpos humanos e Rico vestiu a
camiseta. Olhou para Tayler e com voz mansa e calma perguntou.
-Onde está essa tal de Bonnie?
Elena temeu pela amiga e se adiantou para falar com o Curupira.
-Ela é nossa amiga e não vamos entregá-la a você.
Caroline se uniu a Helena.
-Ela jamais faria mal a alguém. Não deve nem saber que está sendo
procurada.
Finn entrou entre ele e as moças.
-Rico, vamos com um passo de cada vez. Primeiro o Carl.
Stephan falou olhando direto para a criatura.
-Acho que podemos te ajudar. Porque não vamos para minha casa
avaliar todos os pontos antes de irem atrás dessa Carl? Tem alguma coisa nessa
história além do que todos aqui podemos entender. Talvez possamos descobrir
juntos já que uma de nossas amigas está sendo procurada para fazer parte disso.
Podemos pedir que ela venha falar com vocês se nos prometerem não machucá-la.
Damon interrompeu o irmão.
-Está convidando o tostador vivo de vampiros para entrar na nossa
casa? Ficou louco, Stephan?
Stephan fez sinal para Damon ficar calado.
Joshua olhou para o Rico.
-Carl é esperto e deve estar preparado para nós. Ele não deve
mantê-la na casa dele Rico e ele com certeza não está sozinho nessa. Vamos
aceitar a proposta deles, nos ajudaram hoje e podem ser úteis nesse lance da
bruxa.
O Curupira concordou. Os Salvatores, os garotos animistas junto
com o vampiro informante começaram a caminhar. Rico foi logo atrás. Elena e
Caroline viraram um vulto pela floresta e em instantes estavam de frente com a
casa da amiga. Tayler voltou pra casa porque Klaus precisava falar com ele e
ninguém queria que o vampiro original desconfiasse do que estava acontecendo.
Damon arriscou uma conversa.
-O que é você afinal? Um cometa-humano, uma labareda do além ou
n.da, que que dizer, nenhuma das alternativas?
-Um Curupira.
-E o que é isso?
-Porque quer saber?
-Não sei. Talvez porque não queira ser atingidos pelas suas
bolotinhas de fogo peludas enquanto dou minha voltinha matinal pela cidade.
-São angras.
-Muito esclarecedor.
Elena e Caroline explicaram rapidamente à Bonnie o que tinha
acontecido e ela custou a acreditar.
-Mas Elena, o que é essa criatura e o que eu tenho a ver com a
pessoa que ela está procurando?
-Quando estávamos lá na casa das bruxas, um dos garotos que o
Damon chama de animista disse qualquer coisa do tipo “Curupira teimoso”.
Bonnie pensou um pouco e falou.
-Vamos até a escola. Podemos achar alguma coisa nos arquivos da
biblioteca.
Uma hora depois as meninas tinham em mãos algumas informações
sobre o Curupira e toda a sua lenda.
-Ouçam meninas : “O Curupira é um ser fantástico, que segundo a
crença popular, habita em florestas. É um encantador de mentes com poderes extraordinários e uma das mais populares e espantosas criaturas
lendárias das matas brasileiras. Perigoso, astuto e feroz, o Curupira possui
temperamento instável e grande irritabilidade”.
Elena
ficou intrigada com uma questão em particular.
-Damon
disse que os animistas são caçadores de lendas naturais. Se o Curupira é
originário de uma crença popular, então como ele pode andar juntos com os
garotos animistas?
-Pois
é, deviam ser inimigos.
Bonnie
raciocinou sobre a dúvida da amiga e perguntou curiosa.
-Essa
tal Clara que eles procuram, o que ela é? Uma humana, uma animista ou parte de
uma crença popular?
-Não
sabemos Bonnie.
-Então
vamos perguntar.
-Vai
até ele? – Caroline perguntou à amiga um pouco duvidosa.
-Claro
que sim. Se vou ser envolvida nessa história, quero ao menos sabe onde estou
entrando.
Os
garotos ficaram impressionados com o esplendor da casa dos vampiros. Damon
encheu um copo de whisky e sorveu a
bebida num grande gole. Estendeu a garrafa ao Curupira que bebeu no bico e devolveu
a garrafa à ele.
Joshua
balançou a cabeça em desaprovação. Rico voltou-se para o informante e nada
paciente perguntou.
-Onde
fica a casa do Carl?
-Ele
está em uma casa próxima da escola. Ele tem observado os alunos de perto porque
acha que a bruxa podia ser uma jovem estudante.
-Quem
está com ele?
-Não
conheço as pessoas.
-Quantos
são?
-Sempre
vejo dois outros caras com ele.
-Tudo
bem. Vamos até lá.
Stephan
se antecipou.
-Melhor
esperarem aqui. Eu vou com o Damon e trazemos esse tal de Carl pra você. A
escola tem muito movimento e qualquer coisa que acontecer por lá poderá chamar
muita atenção.
-Porque
faria isso vampiro? O que vai querer em troca?
-Queremos
entender o que está acontecendo porque achamos que isso vai envolver mais
pessoas que conhecemos e também temos sido bastante discretos para podermos
viver uma vida tranquila por aqui. Não queremos alarmar nada que possa chamar
atenção do conselho da cidade e você não parece estar muito preocupado com
isso.
Damon
completou o pensamento do irmão.
-Além
do que, estamos querendo que você incendeie uns vampiros que não gostamos e se
você nos dever algum favor fica mais fácil.
Stephan
fez sinal para que o vampiro informante fosse na frente. Os três saíram e Rico
começou a subir as escadas da casa. Joshua olhou pra ele espantado.
-Onde
vai?
-Conhecer
o território dos vampiros. Não confio neles.
Finn
e Cheh concordaram que era bom olhar ao redor e por fim os garotos
espalharam-se pela casa.
Meia
hora depois as meninas entraram na casa. Bonnie estava com elas e foi a última
a entrar.
-Damon
? Stephan?
-Não
estão aqui.
-Mas
eles estavam vindo pra cá.
-Vai
ver encontraram a garota que procuravam.
-Não
encontramos.
A voz
cálida e baixa do Curupira fez ouvir. As três olharam o rapaz descer as escadas
e olharam uma para a outra.
-Seus
amigos foram buscar Carl, estamos esperando eles chegarem.
O
mito olhou para Bonnie e os olhos acenderam perigosamente. Sabia que devia ser
a bruxa porque ela não era vampira. Cheh, Finn e Joshua vieram de partes
diferentes da casa e encararam as meninas.
Bonnie
olhou os meninos e achou que eles eram interessantes. Bem interessantes na
verdade. Sorriu simpática pra eles. Cheh se adiantou.
-Oi.
Sou Cheh, esse é o Finn e Joshua. Ele é o Rico.
-Sou
Bonnie. A bruxa.
Os
animistas entreolharam-se e encararam Rico. Temeram que o mau gênio dele se
antecipasse e causasse algum problema com a bruxinha, mas ele parecia
controlado.
-A
menina que procuram, o que ela tem de especial para ter sido raptada?
-Não
é da sua conta bruxa. Vamos resgatá-la e voltaremos pra casa.
-De
onde são?
Joshua
falou mansamente querendo desculpar a falta de educação do mito para com a
moça.
-Somos
do Brasil. Vivemos no Amazonas.
A
porta se abriu e Damon apareceu segurando Carl pelo colarinho. Stephan estava
ao lado dele e como era de esperar o vampiro informante não voltou.
Rico
virou um jato de luz e agarrou o homem pelo pescoço. Jogou ele do outro lado da
sala e Joshua já estava com o pé na garganta dele quando falou.
-Sem
rodeios Carl. Onde ela está?
O
Curupira se aproximou e sua camiseta já se consumia pelo calor do peito e os
pequenos pedaços incendiados caíram pelo chão, os olhos faiscantes e a voz ameaçadoramente
gélida.
-Se
ela estiver machucada, vou arrancar cada membro do seu corpo a sangue frio.
Joshua
pressionou um pouco mais a garganta e o homem ameaçou sufocar.
Bonnie
olhava horrorizada a cena violenta diante dos seus olhos. Os demais ficaram a
um canto observando. Finn e Cheh aproximaram-se para interrogar.
-Não
vai sair dessa ileso homem, então fala logo pra poder negociar sua
sobrevivência.
Carl
estava muito vermelho e mal podia respirar. Joshua deixou seu corpo animal
emergir e suspendeu o homem pela camisa. Ele olhou para o Curupira e um
resquício de pavor passou por seu rosto arroxeado.
-Na
tumba. Ela foi colocada na tumba.
Os
vampiros e a bruxa entreolharam-se porque sabiam que a tumba era fechada com
magia e não tinham certeza se a menina de fato estaria lá, ou se o homem
chamado Carl estava tentando ganhar tempo.
Para
ela ter sido colocada lá teria que ter sido aberta por um bruxo ou um vampiro.
Logo puderam imaginar que havia algo acontecendo que envolvia bruxos, vampiros,
animistas e agora uma lenda natural chamada Curupira. Era muito, muito
estranho.
O
lince soltou Carl que caiu tossindo. Rico tentava controlar seu ímpeto de matar
o homem a sua frente. Respirou fundo e agachou-se. S
Seus
olhos brilhantes e ameaçadores encararam o homem desafiadoramente.
-Onde
fica essa merda de tumba?
-Embaixo
das ruínas da velha igreja próxima a floresta.
Rico
falou para Stephan e perguntou com voz branda e baixa.
-Sabe
como chegar lá?
Stephan
consentiu e logo todos eles caminhavam rumo ao local onde Clara possivelmente
era mantida prisioneira. As meninas decidiram esperar por eles na casa.
O
lugar era úmido e apertado. Damon empurrou a pedra que fechava a entrada.
Um
corpo desacordado e acorrentado à parede fria surgiu diante dos olhos dele. O
Curupira correu ansioso mas foi detido por Stephan.
-Não
sei quanto a você, mas nós vampiros uma vez ai dentro, não podemos mais sair.
Rico
não se importava. Se tivesse que ficar o resto de sua existência preso ali,
então ficaria, mas ficaria com ela que era sua razão de viver.
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