Tuesday, January 22, 2013

O resgate de Clara


Entrou apressado. Soltou as correntes com um só golpe e com extremo cuidado virou a menina para olhá-la. Estava com hematomas no rosto e sua testa tinha rastro de sangue seco. Ele soltou um rugido de dor ao vê-la ferida.
Rico pegou Clara nos braços e a suspendeu para tirá-la dali. Passou pela abertura da pedra sem problemas, nenhuma magia o deteve, e logo Joshua, Finn e Cheh estavam com ele verificando o pulso e o coração da menina Clara.
-Vamos levá-la pra minha casa. Ela precisa de cuidados.
Ninguém se opôs. Damon teve o cuidado de pegar Carl pelo colarinho porque imaginou que ele tinha muitas explicações para dar.
Tempo depois Rico colocava a namorada com muito zelo no grande sofá da casa dos Salvatore. Ajoelhou-se diante dela e falou com tamanha ternura que os presentes acharam que era outra pessoa diante deles.
-Clara, por favor, acorda.
Elena apareceu com uma bacia de água quente e aproximou-se dela. Precisavam tirar toda a sujeira e o sangue de seu rosto. Olhou para Rico antes de tocar a menina e ele deu espaço para ela.
Damon havia prendido Carl no porão da casa e agora todos presenciavam a aflição dos animistas e do Curupira para voltar a menina à consciência.
Joshua colocou todo o cabelo dela para trás e tocou o rosto da amiga.
-Vamos lá Clara, você é forte. Acorda.
Rico olhava a cena e só podia pensar que se alguma coisa acontecesse à ela, ele não suportaria.
O rapaz se aproximou da namorada e Joshua se distanciou. Caroline falou bem baixo para Helena.
-Observou que eles nunca ficam muito perto um do outro? Quando Joshua se aproxima, Rico recua e vice-versa.
Damon que tinha ouvido o comentário prestou mais atenção ao detalhe.
-Até que você não é de todo burra loirinha. Você tem razão. Há alguma coisa que os impede de estar muito próximos.
Clara fez o primeiro movimento para acordar e todos se moveram em volta dela. Instantaneamente os animistas deram dois passos para trás e Rico se ajoelhou junto da menina.
Ela abriu os olhos e ele sorriu carinhoso.
-Jesus Cristo Clara, graças a Deus você acordou.
Clara ergueu a mão e tocou o rosto lindo do namorado. Sentiu a pele alva e aveludada e os quentes olhos verdes vítrios e bem clarinhos que emoldurava perfeitamente a expressão preocupada. Ela pensou que ele estava muito preocupado mesmo porque podia demonstrar isso na sua expressão e ele nunca demonstrava os sentimentos de forma tão aberta.
-Estou bem. Só um pouco fraca.
Rico olhou para Joshua.
-Ela precisa comer.
O animista olhou para os vampiros e fez uma tentativa.
-Há alguma coisa além de sangue na sua geladeira?
Stephan negou e sussurrou uma desculpa sincera.
-Tudo bem. Vou sair pra comprar algo pra ela comer.
-Eu levo você. É mais rápido de carro.
Bonnie saiu pra levar Joshua até a conveniência mais próxima e os vampiros continuaram observando o Curupira e a namorada.
-Ela é bem bonita. Por isso ele estava tão desesperado. Acho que hoje tem festinha. Se é que me entende.
Elena olhou pra ele inconformada com o comentário sem propósito.
-Cala a boca Damon.
O Curupira se sentou e puxou Clara para seu colo. Ela aninhou-se à ele e sorriu fracamente.
-Não acredito que está aqui.
-Eu disse que viria. – Ele massageou seus cabelos e beijou sua testa. – Se tivesse acontecido alguma coisa com você...eu...
A menina colocou um dedo na boca dele silenciando-o. Olhou a sua volta e viu os amigos animistas e ergueu um pouco o corpo para olhá-los.
-Vocês todos aqui. Obrigado.
Eles se aproximaram, mas não muito e sorriram pra ela claramente aliviados por vê-la acordada.
-Bem-vinda de volta.
Clara sentou-se no sofá e só então viu os vampiros que a fitava curiosos. Elena e Caroline sorriam timidamente, Damon ergueu a sobrancelha de maneira sedutora e Stephan acenou com a cabeça num cumprimento mudo, mas gentil. Ela olhou para Rico.
-Vampiros?
-Sim. Por algum motivo Carl te trouxe pra uma cidade cheia deles.
-E onde está Carl agora?
Damon se adiantou pra falar.
-No porão. Esperando para ser interrogado sob o fogo devorador do seu namorado nervosinho.
Clara olhou para Rico e imaginou o que ele teria feito para sua fama estar em evidência em tão pouco tempo. Ela o conhecia melhor que ninguém e sabia que ele podia ser intolerável algumas vezes, violento e sem medida outras.  Ele deu de ombros com olhar inocente e sem culpa.
Joshua e Bonnie retornaram com uma infinidade de alimentos que os vampiros achavam que duraria dias, mas Clara era uma felina e seu apetite explodiu nela quando viu todas aquelas coisas.
O amigo espalhou as guloseimas na mesa de centro da sala e a menina sentou-se no chão e começou a comer e beber enquanto todos olhavam impressionados para o tamanho de sua fome.
Rico sentou-se atrás dela de maneira que ela pudesse apoiar seu corpo no tórax dele. Abraçava e tocava a namorada o tempo todo, cuidando e sentindo sua pele, seu cheiro, sua presença ali. As três meninas achou que era muito lindo o cuidado e o amor tão evidente do Curupira pela garota.
Depois do que pareceu um longo tempo para alguém se alimentar, Damon não se conteve e soltou o comentário que há muito queria fazer.
-Vai conseguir comer tudo isso mesmo? Porque honestamente, nunca vi uma humana comer tanto.
Os animistas riram e Finn explicou divertido.
-Clara não é humana, vampiro. Ela é um guepardo e acredite, você ainda não a viu comer.
Eles riram novamente.
Stephan avaliou a situação. O Curupira não conseguia ficar a menos de três passos de distância dos animistas, mas podia tocar a namorada sem nenhuma restrição. Com certeza, ela não era uma animista comum e era muito curioso que eles se relacionassem.

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