Monday, December 3, 2012

Damon,Stephan e a chegada do Curupira- Cap.I



Um rastro de luz ziguezagueou velozmente pelas árvores e parou bem no meio da floresta como um raio que cai em tempestade. Damon e Stephan ocultados pelo breu das árvores olharam um para o outro e permaneceram parados observando.
Os olhos dos irmãos Salvatore abriram-se em espanto quando viu a imagem do rapaz aparecer entre as chamas. Ele olhou a sua volta e uma estranha luz platinada acendeu do seu olhar. O homem estava sem camisa e tinha uma cabeleira longa e vermelha que esvoaçava com o vento.
O estranho dobrou a cabeça para o lado e olhou para eles . Os três se encararam na escuridão.  Sem se incomodar com a presença deles o rapaz retirou do cós da calça uma camiseta que vestiu rapidamente e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo baixo. Com as duas mãos dentro do bolso da calça e parecendo não se incomodar com a baixa temperatura do local ele começou a andar em direção à cidade.
-O que foi isso?
Damon perguntou ao irmão e tinha um ar pasmado no rosto.
-Não sei, mas nunca vi nada igual.
A voz do Stephan era calma, mas preocupada.
-De onde ele veio? E ele tem uma lanterna no lugar dos olhos?
-Não sei Damon, mas temos que descobrir o que veio fazer aqui.
Os irmãos seguiram o rastro deixado pelo fogo mas logo que deixaram os arredores da floresta e adentraram a cidade perderam os passos do rapaz. Ambos ficaram atentos as conversas alheias para detectar alguma que denunciasse a presença dele em algum lugar, mas não encontraram nada.

Rico aspirou o ar e olhou a sua volta. Os olhos platinados acenderam-se na direção dos vampiros. Ele deu pouca importância. Tirou a camiseta que carregava no cós da calça e vestiu. Prendeu a cabeleira vermelha num rabo de cavalo baixo e saiu dali. Tinha pressa em rastrear a cidade.
Conforme foi andando foi sentindo o cheiro dos vampiros por todos os cantos.  E seu pensamento era de que seria uma merda trabalhar com os animistas em uma área infestada de vampiros. Seria muito difícil para eles se manterem refreados com uma multidão de sugadores de sangue circulando entre eles.
O Curupira pensou que era uma boa não ter vampiros em cada esquina do Brasil. Eles eram um tremendo pé no saco. Fortes, metidos a valentões e difíceis de matar. Não tinha simpatia por eles e ficava feliz de ter cruzado com muito poucos no decorrer dos seus vinte e um anos.
Olhou para a pequena Mystic Falls e sentiu o sangue ferver. Sua menina estava aqui em algum lugar e ele ia encontrá-la. Mataria os desgraçados que a mantinha presa. O mito olhou ao seu redor, era madrugada e a população dormia.
Abaixou-se no gramado da praça principal e materializou suas pequenas esferas de fogo. Ordenou por pensamento que elas se espalhassem pelos arredores e procurassem por Clara.
As bolinhas flamejantes rolaram no ar a uma velocidade luz e ele se encostou no tronco de uma árvore para esperar por respostas. Bem no final da rua um casal vinha andando abraçados. Eles riam e pareciam absortos em seu mundo. Rico olhou para o outro extremo e soltou o ar pelas narinas num bufar de riso.
Mais rápido do que os olhos humanos podiam acompanhar um vampiro sedento atacou os namorados. Quebrou o pescoço do moço e sugou da garota todo o sangue que jorrava de suas veias.
Ele ainda viu a satisfação do sugador quando ergueu a cabeça, as presas a mostra e a boca toda vermelha.  Malditos bebedores de sangue, estavam por toda a parte. A cabeça do vampiro se virou para olhar o Curupira e na fração de meio segundo estava a menos de meio metro dele.
Rico não moveu um músculo do corpo, era impassível a esse tipo de ataque. Os vampiros fugiam do calor que emanava do seu corpo, mas devido ao ar gélido o que estava a sua frente conseguiu se aproximar mais do que conseguiria se estivesse no calor infernal do Brasil.
Suas pupilas se acenderam em advertência e sua cabeça pendeu para o lado observando a criatura a sua frente.  Os olhos vermelhos encaravam o rosto dele e pequenas veias apareciam e sumiam do seu rosto enquanto ele emitia um som parecido com o silvo de uma cobra. Os dentes manchados de sangue estavam em evidência.
O Curupira achou que esse vampiro devia ser novato , pois do contrário não estaria ali pensando em atacá-lo.  Rico viu as primeiras esferas se acenderem e se adiantou para tocá-las ansioso por informações.
Quando deu o primeiro passo foi surpreendido pelo vampiro que saltou em seu pescoço. Tão rápido quanto ele pulou, o Curupira o atirou longe . A raiva que sentiu do sugador alterou seu estado de espírito e ele sentiu seu corpo se aquecer consumindo sua camiseta.
O maldito ainda voltou sobre ele derrubando-o com a força do impacto. As mãos que tocaram seu peito nu queimaram e o vampiro saltou pra trás gritando e olhando para a palma que fumegava.
Rico passou as mãos pelos longos cabelos trazendo seu rabo de cavalo para frente e então atirou duas bolas de fogo sobre o vampiro que foi torrado pelas labaredas.
-Maldito.
O Curupira se abaixou e tomou uma das esferas na mão.  Constatou sem surpresas que não havia sinais de Clara por ali. Olhou para o peito desnudo e se deu conta que não tinha outra camiseta pra usar. Olhou o rapaz com o pescoço quebrado e caminhou até ele. Tirou a camiseta dele e a vestiu sem rodeios.


 Damon rodava o copo de uísque na mão e pensava sobre o homem que ele tinha visto na floresta. Tomou todo o líquido de uma só vez e se levantou. Mystic Falls era pequena e não havia muitos lugares para se hospedar, ele pensou que com sorte conseguiria achar o homem-cometa antes do amanhecer.
Ele rodou alguns lugares óbvios e achou que não eram tão óbvios assim já que o cabeludo não estava em nenhum deles. Então pensou que já que estava na rua poderia buscar uma refeição fresca e quente para fechar a noite.
Ouviu o som dos namorados ao longe e virou um rastro atrás deles mas deparou-se com a cena de um outro vampiro chupando tudo que o pescoço da menina podia oferecer.
Balançou a cabeça indignado e virou os olhos trezentos e sessenta graus e quando já ia mostrar ao imbecil que não podia deixar os corpos jogados no meio da rua porque colocaria a todos eles em evidência com o conselho da cidade, viu o novo vampirinho avançar sobre alguém encostado em uma árvore na praça central.
Damon mal podia se conter quando viu quem estava observando a cena sem uma única alteração em sua expressão, mas foi tudo tão rápido que nem deu tempo dele participar da brincadeira.

-Mas como ele fez isso? É um bruxo talvez?
-Não Stephan, não é um bruxo, é um monstrinho mau do espaço. – Damon estreitou os olhos pensando. – Não me importa o que ele é, mas o que ele faz. E o que eu vi foi ele incendiando um vampiro. Temos que matá-lo.
-Damon, precisamos primeiro saber quem é ou o que é para depois podermos lidar com ele. Do contrário podemos terminar como o nosso colega dessa noite.
-Faça como quiser irmãozinho, mas eu não vou ficar aqui esperando que um cabeludo atire bolinhas de fogo em cima de mim.
-O que fez com os corpos?
-Amarrei em uma pedra e joguei no rio.
-E para onde foi a criatura?
-Voltou pra floresta, mas não antes de roubar a camiseta do pescoço quebrado, o que quer dizer que ele vai andar amanhã por aqui como se fosse uma pessoa comum.
-Vamos dar uma volta na cidade e avisar os outros sobre ele.
-Não diga nada ainda, apenas peça para eles estarem no Grill na hora do almoço.
Stephan pegou o celular e mandou um SMS para Helena, Caroline e Tayler.

  
Rico rastreou toda a floresta atrás de alguma coisa que pudesse levá-lo até Clara. Ordenou ás esferas que continuassem a procurar. Voltou pra cidade, os animistas deviam chegar a qualquer hora e então eles estariam prontos pra agir.
À luz do dia a cidade era agradável, estava cheia de gente e Rico não passava despercebido.
Muito alto e forte ele não era uma presença a ser ignorada. Os cabelos ruivos e quase dois palmos abaixo do ombro chamavam muita atenção. A pele alva e aveludada fazia uma combinação perfeita com os olhos verde-esmeralda, e isso tudo em uma cidade pequena onde todo mundo conhecia todo mundo e ele era o estranho da vez, era ainda mais atrativo.
Ele parou no meio da rua e olhou a sua volta, viu o nome Mystic Grill, tomaria alguma coisa enquanto esperava pelos garotos. Quando entrou dentro do restaurante sentiu que todos os olhos se voltavam para olhá-lo. Sentou-se no balcão e pediu uma dose de qualquer coisa forte.
Curvado sobre seus cotovelos ele se lembrou da namorada. Sua expressão se suavizou com a imagem do rosto lindo e perfeito dela. Sentiu como se suas entranhas estivessem sendo puxadas por cabos de aço quando pensava se ela estava bem. Há três dias ela havia desaparecido e a única coisa que conseguiu foi alcançar seus pensamentos onde ela disse que alguém a tinha trazido para essa cidade de nome estranho.
Ele chegou primeiro porque viajava por entre as matas e os campos abertos. Os animistas tinham que se locomover de avião e isso atrasava tudo. O Curupira olhou o relógio na parede e viu que restava apenas meia hora para a chegada prevista pelo lince.
Virou a bebida de uma só vez na boca e ouviu um grupo de pessoas entrarem todas de uma vez. Olhou por sobre os ombros e viu duas meninas e um garoto bem próximo dele.
-Stephan disse para esperarmos ele aqui.
-Ele me enviou um SMS hoje bem cedo também.
Uma loira alta e bem vestida conversava com uma outra, morena de cabelos lisinhos e bem compridos que o fez se lembrar novamente de Clara, o rapaz parecia impaciente e não disse nada.
-Tayler, vai comer alguma coisa?
-Não. Onde está o Stephan afinal?
-Está bem ali.
Rico não se virou pra ver quem era o tal por quem elas esperavam. Não lhe interessava porque apenas uma pessoa podia estar no topo da sua lista de interesses e ela estava refém de algum imbecil em alguma parte dessa cidade.

 Stephan fez sinal para Caroline, Helena e Tayler se juntar a ele.  Damon entrou logo atrás e sentou-se com eles.
-O que está acontecendo Stephan? – A voz de Helena demonstrava sua preocupação.
-Temos uma criatura não identificada na cidade.
-O quê quer dizer com “não identificada”?
Damon explicou em poucas palavras o que ele e o irmão tinham presenciado na floresta e o que tinha acontecido na madrugada.
-Atirou bolas de fogo sobre o vampiro?
-Sim, tão rápido quanto você pode pensar, se bem que você não pode pensar tão rápido assim né Caroline?
Caroline quis responder, mas Helena voltou à atenção ao assunto discutido.
-Quem era o vampiro que foi queimado?
-Um idiota que alguém criou e não educou, mas o ponto em questão é: Ele queima vampiros num piscar de olhos, por isso temos que encontrá-lo e matá-lo.
Tayler falou pela primeira vez desde que estavam ali.
-E como pensa em matá-lo se ele é tão rápido em incendiar o corpo de alguém?
Antes que obtivesse uma resposta, três garotos entraram juntos dentro do salão do Grill e os vampiros olharam pra eles esperando encontrar o cabeludo atirador de fogo, mas todos tinham os cabelos curtos e bem aparados.
Os vampiros seguiram com os olhos os três meninos que se dirigiram direto para o balcão e foi então que Damon reconheceu o rapaz sentado lá.
-Somos um bando de idiotas cegos.
-O que está dizendo Damon?
Helena questionou o vampiro um pouco irritada.
-Quem procuramos está bem ali.
Tayler falou observando o estranho.
-O rapaz ruivo sentando no balcão?
-O próprio.
Todos os ouvidos potentes dos vampiros estavam voltados para a conversa dos três estrangeiros que se acomodaram ao lado do atirador de fogo.

 O Curupira sentiu o corpo se retesar levemente e sabia que eles tinham chegado. Voltou sua cabeça para ver Cheh, Joshua e Finn passarem pela porta.
-Tem notícias dela?
O lince canadense como sempre era o mais ávido por informações, assim como ele. Era o melhor amigo da Clara e fazia jus ao título. Preocupado e desesperado para encontrá-la tanto quanto o próprio namorado. Cheh, o menino-falcão e Finn, o garoto-crocodilo, era amigos fiéis e devotos do lince e da Clara.
-Não. Os angras varreram a área e nada. Mas está aqui e não volto sem ela.
Os meninos acenaram em concordância.
-Você está bebendo a essa hora?
Rico não respondeu, antes precisava alertar os garotos sobre a predominância da cidade.
-Essa cidade está enfestada de vampiros. Precisam refrear o instinto para não causar problemas. Não podemos chamar mais a atenção do que já vamos chamar por sermos estrangeiros.
Foi Cheh quem esclareceu as coisas com ele.
-Percebemos isso já. Mas fica tranquilo porque não caçamos vampiros.
O Curupira olhou para o falcão curioso.
-Não reagem contra eles?
-Não.
-Porque não?
-Porque os vampiros não são lendas naturais, estão ai por toda parte e não constituem estirpes, por isso os caçadores de vampiros são diferentes e não se encaixam na nossa natureza.
-Menos mau.
Rico saltou da cadeira depositou umas notas em cima do balcão e falou para os meninos.
-Temos muito o que fazer.
Joshua não se conteve.
-Como arrumou dólares de ontem pra hoje?
-Peguei emprestado.
-Rico, você não pode agir de maneira correta apenas uma vez na vida?
O Curupira já estava de costas caminhando para sair, mas se voltou e eles estavam bem ao lado da mesa dos vampiros quando ele retrucou para o amigo da namorada.
-Não me venha com escrúpulos animistas lince. Vamos deixar as coisas bem claras entre nós. Estamos aqui pela Clara, e pouco me importa quem vai morrer ou quem vai se ferir nessa brincadeira, eu vou resgatá-la custe o que custar e não quero ninguém me limitando com questões de honra imbecis.
Joshua, o lince, enfrentou o Curupira e sem se alterar foi firme ao se colocar.
-Não matamos cem por cento humanos Rico e você sabe disso. Vamos lutar com você mas tem uma promessa a cumprir e eu não vou deixar que se esqueça dela nenhum minuto do seu maldito dia.
-Podemos fazer isso sem que vocês dois matem um ao outro?
Finn interrompeu a tensão entre os rapazes e os dois animistas juntos fizeram com que Rico tivesse que dar dois passos pra trás pra encontrar um limite de tolerância seguro entre eles.
Os vampiros ouviam e assistiam a tudo paralisados. Finn olhou para eles sabendo exatamente o que eram, Cheh, Joshua e Rico também desviaram seus olhos para os cinco que os encaravam. Nenhuma palavra foi dita.
O Curupira deu meia volta e saiu e foi seguido pelos animistas. 

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