Joshua e os demais arrumaram uma pequena pensão para se
hospedarem. Dentro de um dos quartos eles traçaram um mapa com as informações
que tinham.
-Clara conseguiu me dizer apenas que estava nessa cidade. Eles
devem estar mantendo-a dopada.
-Ou em algum lugar onde seus pensamentos não alcançam.
-Meus pensamentos podem alcançar os dela em qualquer lugar do
mundo Lince.
-Está errado. Você não pode senti-la quando ela está dentro do
Vale por causa do poder animista predominante lá. Pode haver algum lugar aqui
nessa cidade com algum tipo de poder que bloqueie ou que a proteja de qualquer
comunicação. Ela está com o Carl e ele sabe que vocês podem se falar por
pensamento.
Os meninos concordaram com Joshua. Cheh pensou um pouco e depois
falou.
-Verdade. Não acham estranho que ele a tenha trazido para uma
cidade com um número muito alto de vampiros por metro quadrado? Porque será?
Isso tem que ter relação com alguma coisa.
Rico pensou. Não sabia muito sobre o estilo de vida dos vampiros
mas achou que o falcão tinha razão. Finn
comentou também.
-Concordo. Aqui deve haver alguma coisa além dos vampiros. Algum
lugar ou alguém do interesse de Carl. Ele está louco com a possibilidade de
criar essa nova estirpe de mitos-animistas.
-Seja como for não é por aqui. Vamos rastrear os arredores.
Locações, igrejas, tumbas, santuários. Alguma coisa que possa estar servindo de
esconderijo para ele.
Damon e os outros saíram do Grill e ficaram de vigia pela cidade
até que viram os garotos animistas e o rapaz que eles chamavam de Rico
caminhando pra entrada da floresta.
-Vamos manter distância e descrição. Eles não se incomodam com a
nossa presença então podemos observar de longe.
Stephan segurou o irmão pelo braço e encarou-o com firmeza.
-Não vá fazer nenhuma idiotice por favor. Vamos apenas observar.
-Ai Stephan, Stephan, você e seus “escrúpulos nada vampirísticos”.
Damon tirou o braço da mão do irmão com um safanão e sumiu atrás
dos garotos. Todos os outros na sua cola.
Pararam na entrada da floresta e viram os meninos transformarem
seus corpos humanos em corpos animistas. Ficaram impressionados ao vê-los.
Mantinham algumas características humanas mas com predominância animal. O
menino-falcão tinha a pele recoberta por penas e no rosto se via claramente a
mudança nos olhos, no nariz que era agora um bico encurvado.
O garoto-crocodilo tinha mudanças mais evidentes na pele e na
mandíbula além da cauda que descia grossa até tocar o chão. O menino chamado
Joshua era claramente um lince-do-canadá com toda a aparência felina desse
animal.
-Por isso o tal do Rico chama o grandalhão de Lince, agora
entendo.
Caroline e Elena estava muito impressionadas com a espécie à sua
frente. O único que manteve a aparência era o homem-de-fogo. Vestia camiseta
preta, calça jeans e tênis. Os cabelos estavam amarrados. Ele se abaixou e uma
das bolinhas em chamas, vindas não se sabe de onde rolou até ele.
O rapaz a segurou prestando atenção à alguma coisa que os vampiros
não podiam saber o que era. Depois comentou com os demais.
-Carl esteve em uma casa abandonada próxima daqui. Venham comigo.
Rico tirou a camiseta e amarrou no cós da calça. Virou um rastro
de fogo por entre as árvores e os garotos animistas voaram atrás dele. Damon,
Stephan, Tayler, Elena e Caroline movimentaram-se tão rápido quanto um piscar
de olhos pode ser e todos chegaram juntos na antiga casa das bruxas onde
Stephan uma vez escondeu os cinco caixões da família de Klaus.
Os vampiros se entreolharam e mantiveram distância. Rico estava a
frente dos meninos e abriu a porta da frente atirando uma bola de fogo. Ele
entrou na casa seguido dos animistas. Damon comentou indignado.
-Malditas bruxas, eles podem entrar sem nenhum problema não é?
O vampiro lembrou-se das vezes que entrou e foi atormentado pelas
bruxas que não gostavam dele e o fazia sair correndo de lá, mas antes que
pudesse completar sua reclamação, o ruivo cabeludo foi atirado pra fora.
Damon riu alto e Rico olhou para os vampiros parados próximos
dele.
-Elas são vingativas meu caro. Não vão deixar você entrar.
Os olhos acesos encararam o vampiro gozador. Rico se levantou e
perguntou olhando para Damon com fúria no rosto.
-Quem são elas? Do que está falando?
-Das bruxas. Essa casa é delas e só entra quem elas querem que
entrem.
-Malditas.
-Nisso eu concordo com você.
-Porque eles não foram jogados então?
-Devem ser bons garotos e você não.
O Curupira não disse mais nada, rodeou a casa enquanto os
animistas faziam uma busca no local. Rico andava de um lado para o outro
impaciente. Stephan resolveu tentar se aproximar.
-Talvez possamos ajudá-lo se nos disser o que procura.
O mito olhou para ele desconfiado. Vampiros não eram confiáveis e
esses não tinham razão alguma para ajudá-lo. Estava raciocinando sobre a oferta
quando ouviu um rugir vindo da casa. Todos eles correram e Joshua veio de
dentro rolando emaranhado com alguém.
Elena e Caroline entraram na casa. O falcão e o garoto-crocodilo
travavam luta contra dois vampiros sedentos para chegarem ao pescoço dos
rapazes. As meninas eram ágeis e fortes o suficiente e de repente eram quatro
contra os dois vampiros desconhecidos.
Caroline pegou o primeiro vampiro pelo pescoço e o jogou para o
lado de fora da casa. Stephan foi rápido ao pegá-lo e enfiou um galho na
barriga dele para paralisá-lo sem que ele morresse.
Elena fez o mesmo com o segundo que foi pego pelo pescoço por
Damon que adotou a mesma tática do irmão.
Joshua estava em pé e encarava o terceiro vampiro que olhou a sua
volta analisando as possibilidades. Antes que conseguisse pensar em correr, um
círculo de fogo subiu sobre ele.
Os vampiros arregalaram os olhos ao ver o outro vampiro queimar
diante deles. Afastaram-se cautelosos quando o Curupira aproximou-se do que
tinha sido pego pelo Stephan e colocou a mão sobre o galho que o prendia pela
barriga.
O rapaz preso gemeu em protesto e ouviu um dos animistas falar.
-Rico, se queimá-lo não vamos conseguir as informações que
precisamos.
Stephan, Damon, Tayler e as meninas apenas observavam receosos.
O Curupira abaixou-se para olhar melhor o vampiro assustado que
tremia diante dele.
-A menina que vocês escondem é minha e eu vim buscá-la. Onde ela
está?
-Eu não sei.
-Não mesmo?
Rico pegou seu rabo de cavalo, retorceu-o entre os dedos que
flamejaram . Ele começou a movimentar os dedos como se espremesse algo na palma
das mãos e então gotas de lava começaram a pingar queimando o peito do vampiro
deitado.
Damon tinha os olhos arregalados em surpresa assim como os outros.
Joshua interveio na situação quando o rapaz-sugador-de-sangue gritou em
misericórdia.
-Pelo amor de Deus, isso é tortura. Ele vai falar, para com isso.
O Curupira não ouvia os apelos do lince, tamanha sua fúria. A lava
descia sem piedade fazendo um buraco no peito do vampiro.
Rico gritou impaciente.
-Onde ela está?
-Não sei. Eu juro. Eu juro.
O outro vampiro estacado, temendo ter que enfrentar a fúria da
estranha criatura de fogo falou por entre os dentes.
-Ele está falando a verdade. Não sabemos onde ela está, mas
sabemos sobre o Carl.
A informação chamou a atenção dos animistas e do Curupira. Finn se
aproximou do vampiro e falou com calma.
-Fala tudo que souber porque não temos controle sobre ele. – E
dizendo isso apontou para o Curupira. – E posso te assegurar que ele não vai
ter pena de você.
-Carl está procurando uma bruxa para fazer uma magia que vai
remover a ônix da menina. Tem que ser uma bruxa de uma linhagem especial e por
isso ainda não conseguiu encontrar. Enquanto isso ele mantém a sua garota num
lugar secreto e eu juro que não sabemos onde é.
Rico se virou para ele.
-E porque estavam aqui? O que esse lugar tem a ver com tudo isso?
-A bruxa que Carl busca tem contato direto com os espíritos que
moram aqui. Só ela consegue ouvi-las e saberá buscar a magia que ele procura.
Então nos mandou ficar aqui até ela aparecer. Tínhamos que levá-la para ele.
Elena e Caroline olharam horrorizadas uma para outra. Elas sabiam
quem o tal do Carl estava esperando. Tayler falou em voz alta o que todos já
tinham entendido.
-Ele está atrás da Bonnie.
Joshua adiantou-se e encarou Tayler.
-Conhece a bruxa que ele procura?
Tayler ergueu as sobrancelhas arrependido de ter aberto a boca.
Stephan balançou a cabeça em desaprovação e Damon desdenhou dele.
-Sua boca grande vai te custar a vida lobinho. Idiota.
Rico voltou sua atenção ao seu informante.
-Onde está Carl agora?
-Se prometer me poupar eu te levo lá.
-Se tentar me passar pra trás eu te acho e te mato sem pensar duas
vezes.
Dizendo isso, o mito retirou o galho que prendia o primeiro
vampiro. Andou até o outro e dobrou a cabeça avaliando a situação. Cheh tentou
argumentar.
-Deixa ele ir Rico. Já sabemos o que queremos.
-Pra ele chegar ao Carl antes de nós e avisá-lo de que estamos
aqui? Jamais.
Rico libertou o segundo vampiro que em uma velocidade luz correu
pra longe dele. O Curupira também era
muito veloz e logo o alcançou, pegou- o pelo pescoço ,jogou seu corpo no ar e o
atingiu com duas bolas de fogo que fizeram dele cinzas em questão de minutos.
Joshua virou os olhos contrariado e exclamou entre os dentes.
-Curupira teimoso.
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