Wednesday, October 30, 2013

Sneak Peek? -Beauty and the Beast - O encontro de Vincent com o Curupira

Sneak Peak – Encontro entre Vincent e Rico.

JT olhou para Catherine e parecia desolado.
-Ele está apresentando um quadro de depressão.
-O quê? Tipo, depressão – depressão ou apenas uma negação sobre o que você disse outro dia?
-O que eu “disse outro dia” Cat, é uma análise profissional. O caso do Vincent é irreversível no momento. Ele tem que se adaptar e aceitar que nunca vai se livrar da fera inserida em seu DNA.
-Hum...a medicina avança diariamente certo?
-Certo, mas...Escuta ,  precisa convencê-lo de que está tudo bem.
-Eu digo isso a ele a toda hora JT.
-Diga a todo minuto então. Sei lá... Muirfield é passado, Conor está morto. Ele só precisa voltar a viver.
-É o que eu estou tentando fazer, mas ele está distante e calado...nós sequer...bem...nós temos estado em ...você sabe...sem nada muito profundo.
JT bufou divertido e Cat balançou a cabeça com desânimo. Precisa salvar o namorado dele mesmo, mas ela não sabia como fazer isso acontecer.

Do outro lado da cidade.

Rico vestiu a camiseta que trazia pendurada no cós da calça. Ele a vestiu e já estava carrancudo com o barulho da cidade.  O rapaz olhou dos lados e pensou em que caminho tomar. Prendeu a cabeleira ruiva e começou a caminhar. Ela estava ali, no meio daquela agitação, em algum lugar e ele ia encontrá-la.
Era madrugada, o que significava a melhor hora para ele agir. Não tinha sido fácil chegar até ali sem ser notado, cidade metropolitana do caralho, nenhuma floresta por perto, por sorte seu rastro tinha sido confundido com as luzes da cidade.
Teria que esperar amanhecer para encontrar Joshua que estava vindo de avião . Por sorte esse bosque, onde tinha parado, seria um bom lugar onde ele podia esperar e quem sabe espalhar seus angras para tentar obter alguma informação.

Vincent estava sentado no encosto do banco com os pés no assento e os cotovelos apoiados no joelho. Precisava repensar sua vida em tudo. Agora que estava livre das perseguições, mas não das consequências do experimento, tinha que ponderar o que poderia ou não estar e ficar dentro da sua vida.
Tinha planos com Catherine, casa, trabalho, família...talvez filhos...Bem, antes de JT anunciar sua desgraça. Nunca estaria livre da fera que vivia dentro dele.  Nunca poderia voltar a ser normal ou...
Um rastro de fogo passou bem em frente ao nariz dele.
-Puta que pariu, o que foi isso?
Ele se levantou cauteloso e olhou ao redor. Alguém, de costas pra ele, tirava uma camiseta amarrada no cós da calça, depois a vestiu e prendeu um cabelo liso e longo em um rabo de cavalo baixo.
Vincent parou a certa distancia e então o rapaz se virou para olhá-lo. A luz platinada do olhar o surpreendeu e ativou seu código amarelo. Eles se encararam momentaneamente.  Rico voltou seu corpo para enfrentar seu oponente. Que merda era aquela? Ele era um lendário? Porque se fosse, era algo que ele não podia identificar.
O mito observou o rapaz rugir e então uma transformação inesperada. Caralho, era um tipo de monstro moderno ou algo assim? Tudo para ficar anônimo e então uma besta-fera do além o cercava em um bosque aberto. 
Merda, sua camiseta começou a se consumir pela tensão do momento e mal tinha colocado a roupa, ela já estava em trapos devido ao aquecimento do seu corpo. O monstro-humano rasgou a pergunta em uma voz rouca e psicodélica.
-Quem é você?
Vincent tinha a respiração alterada e seu corpo curvado observava a estranha criatura a sua frente. Os olhos brilhavam como duas luas cheias, a camiseta que ele vestia jazia em trapos queimadas pelo seu peito. O que seria aquilo? Um novo experimento da Muirfield? Talvez a coisa toda não estivesse eliminada conforme ele e os outros haviam pensado.
-Quem é você?
Rico devolveu a pergunta para Vincent e antes que qualquer um deles pudesse responder se atracaram violentamente. Ambos tinham o mesmo pensamento de eliminar a ameaça que o outro aparentemente representava.
Vincent sentiu a alta temperatura do corpo do seu oponente e quando menos esperava pequenas esferas de fogo começaram a ser atiradas sobre ele. Sua resistência sobre-humana o fazia imune às bolinhas peludas de fogo ou seja o que for que aquilo fosse. Rico estava impressionado que seus angras não afetassem o monstro que o enfrentava. Nunca havia acontecido antes. Ele era forte. As garras e a aparência estranha o fazia diferente, mas não parecia que ele seria um adversário à altura, mas era.
Uma sirena soou alta e os faróis vinham em direção à eles. Tudo que Rico menos precisava agora era estar em evidência. Ele jogou Vincent para longe dele e virou um rastro de fogo que deixou um foco de incêndio crepitando pelo local. Vicent se apressou em sair dali e tinha agora algo em que focar sua mente.


-O que está me dizendo Vincent?
-Exatamente o que te disse, há mais uma fera na cidade. Eu acabei de lutar com ele.
-Impossível.
-Não é. Estou te dizendo.
-Gabe rastreou cada canto dessa cidade atrás de outros, algum experimento perdido ou ... de qualquer forma, não há indícios de ataques há meses.
-Escuta JT, não estou delirando. Há uma fera ai fora e é uma da qual devemos nos preocupar.
-Nos preocupar...você quer dizer, um super soldado feito sob medida como Sebastian?
-Não. Alguém mais forte e com poderes ... não sei dizer...talvez extraterrestres.
-O quê? Um ET produzido pela Muirfield?
-Não sei. Ele atirava uma esferas de fogo e os olhos eram platinados, o corpo parecia estar em uma temperatura acima do possível para um humano.
-E de onde vinha essas esferas?
-Apareceram... do... nada.
-Ok Vincent, vamos ser coerentes por aqui, nem mesmo a Muirfield pode criar uma criatura extraterrestre com bolinhas de fogo mágicas.  Não estamos atuando em um filme do Harry Potter, tudo bem? Você...tipo, andou bebendo?
-Que merda JT...isso é...Ah esquece.
Vincent foi saindo e JT estreitou os olhos pensativo, definitivamente teria que chamar Cat pela manhã e eles teriam que achar um jeito de fazer Vincent retomar a sã consciência. O rapaz bufou indignado e murmurou para si mesmo.
-ET que atira bolinhas de fogo, Deus do céu...meu melhor amigo precisa de terapia.

Cat e Vincent se olhavam silenciosos. Ele estava bravo. Merda, ela não acreditava nele, assim como JT também não havia acreditado.
-Vincent, olha, não é que eu não acredite, mas tem que admitir que é uma descrição um pouco fantasiosa.
-Acha que eu estou louco?
-Não. Acho que pode ter visto algo do tipo, mas talvez...
-Algo do tipo? Eu lutei com ele. Caramba, nunca duvidou de mim.
Ela ficou pensativa e teve que concordar. Apresentar um quadro de depressão não significava que ele estava fora de si. Vincent não tinha motivos pra mentir embora JT tivesse lhe garantido que o medicamento que haviam testado nele para reter a fera criada em seu DNA pudesse causar certo tipo de alucinação.
Mas isso já tinha um tempo e ele nunca pareceu delirar antes.
-Ok. Vou dar uma olhada ao redor do parque e rastrear toda a área em volta. Se houver algo diferente, estranho ou...alienígena, vamos encontrar.
Ele olhou pra ela infeliz quando sua voz oscilou na palavra “alienígena”, mas concordou com a cabeça.

Cat se abaixou para analisar o local e  Vincent fez o mesmo. Eles olharam a grama queimada.
-É como se algo muito quente tivesse pairado apenas aqui.
-E estava. Os outros pontos são onde as esferas de fogo caíram.
Ela olhou pequenos círculos de grama seca espalhadas ao longe. Caramba, tinha que ter acontecido algo bem estranho por ali.
-Por mais que eu não queira admitir, acho que tem razão. Os pontos queimados estão disformes e espalhadas de uma maneira que um incêndio não explicaria.
-Cat, confia em mim. É uma fera que estava aqui na noite de ontem e uma bem perigosa.

Rico andava impaciente pela cidade. Joshua disse que o encontraria em um lugar chamado Times Square. Pois bem, tinha encontrado o maldito lugar, mas ele estava lotado e barulhento e mal se podia andar ali.
O lendário se encostou em um pilar e esperou. Uma hora depois, irritado e muito impaciente ele viu o amigo da namorada se aproximar dele com uma mochila nas costas.
-Até que enfim.
-Bom dia pra você também Rico.
-Por onde andou?
-Não sei se sabe, mas do Brasil à Nova Iorque tem aproximadamente dez horas de voo, mas o trânsito do aeroporto até aqui.
-Para onde vamos agora? Essa cidade é uma merda. Super lotada, barulhenta e grande demais.
-Precisamos de um lugar pra ficar.  Vamos até o centro turístico.
-Está brincando certo? Tenho pressa em encontrar a Clara e uma merda que eu vou até o centro turístico.
-Porque acha que estou aqui? O centro turístico pode nos dar algumas direções, local para hospedagem fora do centro e um mapa da cidade. Temos que ter um ponto de referencia para tentar achar os caras que sequestraram a Clara.
-Quando eu colocar minhas mãos neles, vai ser do meu jeito.
-Já me disse isso um milhão de vezes Rico.
-Só não quero seus princípios animistas imbecis tentando me parar.

Vincent andava pela cidade observando enquanto tentava dar a Cat uma descrição que pudesse ser reconhecida pelo programa de busca da policia. JT fuçava em seus arquivos algo que pudesse identificar as tais esferas de fogo e eles conversavam simultaneamente  pelo telefone.
-Pele branca e cabelos vermelhos e longos, um pouco abaixo do ombro. Olhos platinados. Um e oitenta e cinco de altura ou um pouco mais. Em boa forma. Por volta dos vinte e poucos anos.
-Vinte e poucos anos?
JT pareceu preocupado.
-Se é jovem assim então temos um problema ainda maior.  Talvez eles estejam criando um novo exército e não pessoas alistadas aleatoriamente.
-Não sei,  estava escuro, mas não tem mais que vinte e cinco anos.
Cat olhou sua lista imensa de possibilidades e se recostou na cadeira desanimada.       
-Um  rapaz de vinte e poucos anos, alto e musculoso. Sabe quantas centenas de milhares de caras assim podemos encontrar em Nova York?
Vincent bufou e fechou os olhos vencido pelo cansaço. Quando os abriu novamente ficou momentaneamente mudo. Puta merda, bem ali, atravessando a rua enquanto conversava com alguém, com expressão furiosa , estava quem ou o que ele procurava.
-Vincent?
Silêncio e Vincent se apressou pelas ruas tentando alcançar a criatura que lutou com ele na noite anterior. A voz de Cat veio um pouco mais alta e agora parecia preocupada.
-Vincent? Ainda está na linha?
-Eu o encontrei. Falo com você mais tarde.
-Não..não, espera...o encontrou? Onde? Onde você está?
Vincent desligou o celular e tentava atravessar a multidão de pessoas que o separava dos dois caras que andavam muito rápido pelas ruas.  Ele foi seguindo os rapazes mantendo uma distancia segura para não perde-los de vista. Eles entraram no centro turístico e Vincent entrou atrás.
Ele baixou a cabeça para que o boné escondesse seu rosto e pegou um folheto fingindo ler. Olhou de soslaio para a dupla à sua direita. A criatura que lutou com ele parecia incrivelmente normal assim de perto. Os olhos dele correu pelo ambiente e Vincent pode ver o tom muito verde que se destacava em uma pele extremamente branca. Sem manchas, sem sardas, pintas ou rugas. Perfeitamente imaculada. Os cabelos de um vermelho escuro estavam presos e o rapaz parecia bravo.
O amigo era uns centímetros mais baixo. Cabelos quase louros e muito curtos, olhos cor de mel e parecia amigável enquanto conversava com a recepcionista. Vincent tentou ouvir o que eles estavam falando.
-Eu quero um local mais distante do centro e se puder me fornecer um mapa ficaria agradecido.
Não eram de Nova York, do contrário não precisariam de um mapa. Vincent tirou seu celular do bolso e se distanciou um pouco. Ajustou o aparelho para que pudesse fotografá-los sem ser visto.  Enviou o arquivo para Cat e JT e depois ficou por ali esperando.
Os rapazes saíram e pegaram um táxi tão rápido que Vincent não conseguiu acompanhar. Merda, tinha perdido o rastro deles.

JT e Cat estavam atentos à tela do computador. Vincent olhava a foto que tinha tirado do estranho e todos os três estavam pasmos.
-Sem nome, sem registro, sem endereço. Nada que possa nos levar à alguma pista.
-E o outro?
-O programa ainda está rastreando os dados.
Cat olhou para o namorado.
-Definitivamente estava certo. Há algo errado.
O programa  apitou e eles fixaram seus olhos nas informações.
-Joshua Garber, canadense, residente no Brasil há dois anos.
-Brasil? Caramba. E o que mais?
-Vinte anos. Sem profissão, sem trabalho definido.  Chegou à Nova York no voo 754 hoje pela manhã.  A passagem aérea comprada pela internet mostra local de origem, Manaus, com conexão no Rio de Janeiro.
Vincent estava perdido nas informações.
-Manaus?  Onde fica exatamente?
-No estado do Amazonas.  Floresta Amazônica- Manaus-Amazônia?
JT olhou para Vincent indignado por ele não saber nada à respeito.
-Faltou às aulas de geografia?
-O que ele está fazendo aqui em Nova York com alguém que não tem sequer registro de nascimento?
-Vamos ter que descobrir.
-Eles provavelmente vão se hospedar em algum lugar. Os sistemas de reservas dos hotéis, pousadas e B&B são quase todos sistematizados. Com sorte, poderemos rastreá-los mais tarde.

Rico observou Joshua jogar suas coisas em cima da cama de solteiro e tirar um notebook.
-Pelos dados que Davi nos passou lá na Casa Colonial, os caras tem uma sede aqui em Nova York que prestam serviços ao governo.  Temos que nos concentrar em achar algo que nos leve à eles.
-O que tem em mente?
-O nome Muirfield não deve ser oficial porque não há nada relacionado na internet. uMas descobrimos um tipo de projeto que fez experimentos com soldados alistados um tempo atrás que levava o mesmo nome em alguns arquivos.  Finn conseguiu quebrar o código de segurança do sistema deles. Ao que tudo indica, querem estudar as características animais da Clara e clonar seu DNA para reproduzir um animista em laboratório.
-Vão sonhando.
-Veja essas fotos.
Rico se aproximou e olhou as partes de corpos humanos ligadas à aparelhos grandes e altamente modernos.
-São pedaços de pessoas?
-Sim. Pessoas que foram parte do experimento.
Um resquício de pavor passou pela expressão do rapaz que imaginou se Clara ainda estaria inteira.
-Deus do céu Joshua...e se eles...
-Não. Clara é a prova viva de uma espécie superior, eles precisam dela viva para os testes.
-Por cima do meu cadáver que vão fazer qualquer tipo de experiência com ela.
Joshua mexia muito rapidamente no teclado do notebook e tentava buscar algo que Rico não compreendia.
-O que está procurando?
-Uma localização. Oficialmente o laboratório de experimentos foi destruído por um incêndio misterioso, mas eu e Finn rastreamos a identidade de um possível afiliado que pode estar residindo aqui em Nova York.
-Possível? Pensei que tivesse certeza lince.
-Noventa por cento de chance Curupira.
Eles se tratavam pelas origens quando estavam irritados um com o outro e isso era um sinal que indicava que deviam esfriar os ânimos. A tela do computador se abriu e uma seta amarela indicava um local.
-Temos um endereço provável aqui.
Joshua fez uma anotação, fechou o notebook e se levantou.
-Preste atenção Rico.  Essa é uma das maiores cidade do mundo. Há pessoas sendo cuspidas pelas janelas então, controle seu temperamento, sua temperatura e nem pense em se meter em confusão aqui porque ganharíamos os holofotes em cinco segundos, o que significa fim da linha pra Clara.
Rico concordou porque tinha pressa em chegar ao tal local, mas uma merda se alguma coisa ia impedi-lo de resgatar sua namorada. Se precisasse usar todos os seu angras e incendiar metade da cidade, então ele faria.

Vincent estava impaciente. Cat abraçou o namorado e o beijou suavemente.
-Estamos um pouco ansiosos?
-Um pouco.
Ele sorriu e colocou os cabelos dela atrás da orelha.
-Hey, sei que está preocupada ...comigo e...só queria me desculpar.
-Pelo o quê ?
-Por estar assim, um pouco fora de foco...essa coisa sobre mim, você sabe...o lance de não conseguir me livrar...
Ela colocou um dedo sobre a boca dele silenciando-o.
-Nada muda pra mim Vincent. Se não tem solução médica, vamos encontrar uma forma de viver com isso. Não tem que se preocupar...eu estou com você. Sempre.
Ele a abraçou forte e a beijou com ternura. JT pigarreou.
-Temos uma informação relevante aqui.
O casal se aproximou e então tinham o endereço da hospedagem. 

Cat tinha sua arma na mão quando bateu na porta do dormitório. Nenhuma resposta. Vincent forçou a porta uma, duas e na terceira vez ela cedeu. JT olhou ao redor, entrou com os amigos e fechou a porta silenciosamente.
Vincent abriu a mochila grande e viu mais de vinte camisetas, duas calças jeans e algumas cuecas e meias.
-O canadense trouxe camisetas extras. Deve ser porque o corpo super aquecido do amigo dele consome as peças em segundos.
JT abriu o computador e o ligou rapidamente. Catherine checou os documentos.
-Nada além do passaporte e da passagem impressa do canadense.
-Ok. Tenho todos os arquivos dele no pendrive.  Podemos nos mandar.
Vincent abriu a porta e parou atônito. Rico o agarrou pelo pescoço e o jogou pra dentro com fúria. Joshua correu para dentro e foi derrubado por Cat com uma voadora no meio do peito.  O quarto era pequeno e não havia espaço para uma luta. Vicent rugiu e segurou a mão de Rico tirando-a do seu pescoço.  Ambos eram fortes e páreos um para o outro.
A camiseta do lendário se consumiu e JT arregalou os olhos impressionado.  Joshua se recuperou do golpe e deixou seu corpo animal predominar e então se defendeu dos golpes da policial tentando não machuca-la.
Quando percebeu que ele não estava em sua forma humana ela se distanciou assustada e ele ergueu as mãos em sinal de paz.
Rico deixou sua luz platinada sair de encontro com a íris do seu inimigo, mas os olhos amarelos de Vincent eram impenetráveis e a força do impacto jogou um longe do outro.
Os paredes balançaram com a batida dos corpos e Cat gritou pelo namorado correndo até ele.
-Vincent!
Joshua voltou à sua forma humana e parou o movimento do lendário colocando as duas mãos em seu peito impedindo-o de atacar novamente.
-Tranquilo Rico, tranquilo.
Rico e Vincent se olharam raivosos. JT sentia que suas pernas tremiam e Joshua ainda receoso se virou para encarar os invasores.
-Quem são vocês?
-Quem somos nós? A pergunta aqui é o quê são vocês?
A luz platinada do olhar de Rico brilhou intensamente e Cat se encolheu para junto de Vincent. A voz mansa e baixa da criatura não transmitia nenhuma confiança.
-Vocês são os únicos que invadiram aqui, então são os únicos que devem alguma explicação.
Vincent rugiu novamente e sua respiração estava acelerada. JT tentou acalmar os ânimos.
-Ok, estamos um pouco nervosos.  Bem, podemos conversar civilizadamente, eu acho.
Joshua olhou para Vincent .
-O que acontece com ele?
Cat estava resignada e foi ríspida ao falar.
-Eu poderia perguntar o mesmo sobre você ...e também sobre seu amigo ai.
Rico deu dois passos e Joshua o interceptou.
-De boa Rico. Do meu jeito.
O lendário bufou contrariado. Foi até a mochila e pegou uma camiseta vestindo rapidamente.
O canadense viu o pendrive na mão do JT.
-Roubou informações do meu computador?
-Não...não roubei, quer dizer...copiei para averiguar algumas coisas porque...sabe, seu amigo atacou o Vincent ontem a noite no parque e pensávamos que ele podia ser uma espécie de...sei lá...que podia ser algum tipo de ET´s com bolinhas mágicas de fogo.
Joshua olhou para Rico com olhos fuzilantes. O lendário desviou os olhos e fingiu que não sabia do que o rapaz gordinho de óculos estava falando.
-Bolinhas mágicas de fogo? O que acontece com você Rico? Qual a parte de “não se meta em confusões” você não entendeu?
-Não ataquei ninguém. O tigre-de-sabre ali veio pra cima.
JT riu sem querer.
-Vincent não é um tigre de sabre, mas parece que seu amigo é algo do tipo.
Joshua passou as mãos no cabelo nervosamente.
-Sou um lince do Canadá.
Os três arregalaram os olhos surpresos. Vincent voltou ao seu estágio humano e Rico o observava com atenção.
-Que tipo de mito você é?
Cat olhou de um para o outro confusa.
-Mito? O que quer dizer?
-Um mito é um mito ué. Eu sou um Curupira, e ele?
Vincent, Cat e JT falaram juntos, os pensamentos em conjunto.
-Curupira?
Joshua indicou a cama para que eles se sentassem. Rico se aproximou da janela e Joshua puxou a cadeira da escrivaninha.
-Vamos por etapas. O que queriam encontrar aqui exatamente?
-Vincent e ...seu amigo ai, Rico não é? Então, eles tiveram um pequeno confronto e pensamos que poderiam ser pessoas de uma determinada organização com a qual tivemos alguns problemas no passado.
-E porque seríamos dessa tal organização?
-Porque seu amigo não é exatamente humano e essa tal organização mantém pessoas assim para fazerem experimentos.
Joshua estreitou os olhos e Rico se aproximou, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa Vincent falou.
-Eu sou produto desse experimento e ...
O canadense o interrompeu.
-Você faz parte da Muirfield?
Um silencio pesado recaiu sobre ele e Rico se alterou pegando JT pelo pescoço socando-o no na parede onde o manteve preso enquanto rosnava para os demais.
-Me diz agora onde está a Clara ou seu amigo aqui vai fazer uma viagem só de ida para o inferno.  
Cat e Vincent se levantaram apreensivos. Joshua foi até o lendário.
-Está louco Rico? Solte-o agora.
-Ouviu o que o rato de laboratório ali disse. Eles são parte dessa merda lince...que droga.
-Caramba Rico, você tá sufocando o cara.
Joshua puxou o pulso do Curupira e JT caiu tossindo e vermelho como um pimentão. Cat olhou para o lendário raivosa.
-Não sabemos quem é essa Clara e não somos parte da Muirfield. Vincent foi uma vítima deles.
Rico respirou fundo e tentou se acalmar.  Sua camiseta novamente em frangalhos. Joshua parecia impaciente com o amigo.
-Merda Rico se não se controlar vai acabar matando alguém e vamos ter problemas com a polícia e se eu for preso as chances de encontrarmos a Clara desaparece, está me entendendo?
Vincent sorriu sarcástico.
-Com medo da polícia?
O canadense arregalou os olhos quando Cat mostrou-lhe o distintivo. Alguém bateu na porta e todos eles olharam um para os outros. JT abaixou a voz ao falar.
-Estão esperando alguém?
Rico negou em silencio e Cat colocou a mão na arma. Os três amigos se esconderam no banheiro.  Joshua abriu uma fresta da porta e sorriu para a recepcionista do hostel.
-Desculpe, ouvimos uns barulhos e vozes alteradas, está tudo bem?
-Perfeitamente.
-Ele precisa de alguma coisa?
Joshua olhou para Rico que estava sem camiseta e virou os olhos para o interesse descarado da menina que comia o lendário com os olhos.
-Estamos bem, obrigado.
Ele fechou a porta sem esperar, pegou outra camiseta e jogou para Rico.
-Se continuar consumindo camisetas como eu bebo Coca-Cola então estaremos falidos em menos de um dia. Controle-se.
Rico bufou e vestiu a camiseta pela quarta vez. Cat abriu a porta do banheiro.
-Precisamos conversar seriamente. Venha com a gente. Não podemos correr o risco de ficarmos expostos aqui.
Joshua olhou para Rico que consentiu. Saíram todos do quarto e foram direto para a casa de Vincent e JT.

-Querem água, café, cerveja?
-Estamos bem.
Rico foi direto ao ponto.
-Tenha pressa, portanto vão falando.
-Há dez anos eu fiz parte de um experimento militar...
Vincent contou toda sua história para Joshua e Rico que a ouviram com atenção. Quando terminou sentiu a avaliação dos rapazes sobre ele. Joshua explicou sua origem e a do amigo.
-Sou parte de uma comunidade animista. Somos caçadores naturais de mitos e temos uma força animal que nos apadrinha e nos dá habilidades especiais.
JT ficou alucinado. Já pensava em todas as pesquisas que faria em cima dessa descoberta.
-Está me dizendo que existe uma comunidade inteira que pode se transformar em linces do Canadá? Em quanto vocês são? São meio homens, meio animais? Como ocorre a transformação porque eu vi sua pelagem, seu rabo...quer dizer, sua calda...
-Hey, isso é um interrogatório?
Todos eles riram e o clima se suavizou. Joshua continuou.
-Não somos meio-a-meio, temos uma duplicidade no nosso organismo que funciona de forma simultânea por isso controlamos nossa transformação. Ficamos mais fortes, mais ágeis e protegidos por forças naturais que nos envia o sinal de perigo e nos prepara para lutarmos.
Vincent tentava absorver a ideia e organizar seu raciocínio. JT estava extasiado.
-Isso é incrível.
Cat parecia um pouco cética.
-Cada pessoa recebe uma força apadrinhadora que a escolhe como uma igual, por isso o grupo é diversificado.
-Então há diferentes tipos de animais dentro da comunidade?
-Não somos animais. Somos animistas e sim, cada um tem o apadrinhamento equivalente à sua característica humana.
-Isso é de arrebentar o saco do papai noel.
JT sorria com um entusiasmo único.
-E quanto a ele?
-Rico é um lendário. Um Curupira.
Vincent olhou para o rapaz profundamente.
-Quando você diz lendário...
-Um ser materializado pela força da crença em sua lenda.
Cat arregalou seus olhos e soltou um riso nervoso.
-Uma lenda viva? Tipo assim...ele não é real em tudo?
-Ele tem massa corpórea por isso é real, mas sim...Rico é nascido de uma lenda.
JT pensou um pouco. Andou de um lado a outro e concluiu.
-Se ele é um lendário e você supostamente um caçador de mitos, então como...
-Deveríamos ser inimigos naturais, mas Rico encontrou um caminho para vencer a barreira de incompatibilidade entre nosso povo e o dele...
Catherine tinha um palpite sobre isso e perguntou já ligando os fatos.
-Clara é a responsável por isso?
Rico olhou profundamente para a moça chamada Catherine e concordou.
-Ela é a minha favorita ou namorada como vocês chamam e foi sequestrada por essa merda chamada Muirfield.
Vincent raciocinou sobre as possibilidades.
-Sua namorada é uma animista?
-Sim.
-Faz sentido. Injetaram DNA animal em meu organismo tentando nos dar habilidades extraordinárias, sua namorada as tem naturalmente. Vão estuda-la, fazer testes e tentarem copiar o que já está pronto.
Rico se alterou visivelmente.
-Eu matarei a todos eles .
JT pegou cervejas e deu à eles.
-Acredite caras, eliminar a Muirfield é nosso sonho de consumo.
Os olhos do lendário se acenderam e ele falou com voz baixa e rancorosa.
-Estão mais perto do que pensam de realizarem esse sonho.
JT e Joshua abriram seus arquivos. O endereço que o canadense tinha checado estava abandonado e eles começaram a avaliar as possibilidades. Rico ficou imerso em seus pensamentos sobre sua namorada.
Catherine observava o mito e se aproximou.
-Vamos encontrá-la.

Rico concordou com a cabeça e olhou para fora fitando a noite. 

Monday, October 28, 2013

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Monday, October 7, 2013

O estonteante, sexy e embriagador Curupira.

Ele deixou de ser o duende verde com os pés ao contrário. O Curupira é agora um homem deslumbrante e encantador que prende suas vítimas em seu olhar sedutor e as leva para o caminho da morte!!!


A brisa era suave e refrescante e o casal parou para descansar sob a sombra da imensa samaúma¹. Tomaram um gole de água cada um e abriram um mapa para tentarem se situar dentro da mata. A pequena bússola indicava que estavam no caminho certo para achar o Largo da Vitória-Régia.
Era um paraíso perdido dentro da floresta tropical e a jovem desbravadora de lendas mal podia esperar para encontrar o local exato onde, segundo a lenda,  a lua Jaci havia transformado a indiazinha Naiá em uma estrela d´água.
-Tem certeza de que estamos no caminho certo?
-Não tem como não ser por aqui. 
A moça olhava ao redor para encontrar vestígios de sua busca. O rapaz parecia já um pouco entediado.
-Não sei como deixei que me convencesse a vir com você. Essa sua loucura atrás de desvendar lendas ainda vai nos causar problemas. Essa mata deve estar cheia de animais selvagens.
Ela riu diante da preocupação dele e não pareceu nem um pouco intimidada com os temores do amigo.
-Acredite. Essas lendas e seus personagens existem. Há provas o bastante para acreditar que podem ser mais reais do que possamos imaginar. Nasceram diante da crença popular e enquanto sua lenda for viva, eles também serão.
-Não sei se estou pronto para ver nenhum deles diante de mim. O que são? Fantasmas? Ilusão de ótica?
-Depende da lenda. Alguns são muito próximos do que vemos nos livros, outros podem ter aspecto fantasmagórico, mas já ouvi dizer que o que procuramos especificamente, tem aparência quase humana.
-Não sei se quero ver nenhuma dessas criaturas pessoalmente.
-Não seja medroso. São controlados pela mente. Estão sujeitos a viver do poder que damos à eles diante do que acreditamos ou não.
-E o que isso quer dizer?
-Quer dizer que podemos controlá-los com o poder do nosso pensamento. Se pensarmos que são perigosos, então eles serão. Se pensarmos que são dóceis e amáveis, é assim que vão se portar.

1.SAMAÚMA é uma árvore frondosa, considerada sagrada para o antigo povo “maia” e os que habitam às florestas.
O rapaz sacudiu a cabeça desanimado. Achava que a amiga estava um pouco obcecada por essas histórias folclóricas e ele já começava a se arrepender de estar ali. Recomeçaram a andar e a moça explicava todo o fundamento da lenda dos tempos antigos até os dias de hoje.
-Então depois de se transformar em vitória-régia a índia casou-se com o curupira ? Mas como, se ela deixou de ser uma mulher ?
-Ela deixou de ser uma mulher para esse mundo. Passou a viver em um mundo paralelo onde existem muitos outros mitos de outras lendas. 
-Casaram-se, tiveram filhos e viveram felizes para sempre no mundo da imaginação. Ai, Jesus, que crença mais sem noção. Eu realmente estava bêbado quando concordei em te acompanhar.
O amigo da moça estava já se irritando com essas baboseiras e a aventura, que a primeira vista pareceu excitante, se mostrava agora cansativa e idiota. Ele devia estar louco mesmo.
E quando ia sugerir que voltassem para o acampamento antes que a noite caísse e eles se perdessem na floresta, a amiga deu um grito de satisfação e ele correu para contemplar junto com ela um dos lugares mais perfeitos que já tinha visto.
Um imenso lago todo coberto por vitórias-régias lindamente dispostas em todos os ângulos, algumas floridas, podia ser enxergadas até onde a vista alcançasse. A água era transparente e calma. Ao redor da mata pequenas flores campestres de cores variadas que subiam ladeando uma imensa colina. Lá do alto uma cachoeira cujas águas caiam suavemente em cascata.
-Eu te falei ... eu te falei que íamos conseguir.
Os amigos se abraçaram felizes. Soltaram todos os apetrechos que carregavam na areia e correram para dentro das águas claras do lago. Perderam a noção do tempo brincando entre as vitórias-régias e foi no momento em que sentaram para que o sol da tarde os secassem que o rapaz percebeu a movimentação das plantas.
-Hei. Olha isso. Elas estão se movendo.
A moça se levantou para observar melhor. As plantas pareciam obedecer a um ritmo e giravam entre si enquanto se organizavam em roda.
-Parece um ritual. Estão dançando para a vitória-régia mãe.
-E como sabe disso?
-Porque movimentam-se em volta da maior de todas bem no centro do lago.
O rapaz olhou e viu espantado uma planta gigantesca cuja flor, tão imensa quanto, abria-se lentamente.
-Não é extraordinário?
-Bom, eu...pra ser sincero...acho melhor sairmos daqui. Não estou gostando muito disso.
Enquanto a moça parecia em transe prestando atenção a cada movimento das plantas no lago, o rapaz pegava suas coisas e as ajeitava nas costas. Algo chamou a atenção dele. Ao longe um rastro de fogo cortava por entre as árvores velozmente.
Um arrepio percorreu sua espinha e frisou seus cabelos da nuca. Ele endireitou o corpo e prestou atenção ao movimento. Foi quando o viu. Ele estava parado com um dos ombros encostado no tronco da árvore no início da trilha que os levaria de volta, os braços cruzados sobre o peito nu, de bermuda surrada, e pés descalços que estavam cruzados. Um para frente e o outro para trás.
Os cabelos longos e volumosos voavam com a brisa e brilhavam como fogo sobre a luz do sol.
O rapaz ficou preso ao olhar metálico do personagem que o observava e mal conseguiu balbuciar algumas palavras.
-Lisa, temos companhia.
-O quê ?
A moça virou-se para o amigo e um calafrio lhe percorreu toda a espinha. Então era mesmo verdade. Ele existia de fato.
Ela deu alguns passos até o amigo e viu a criatura curvar a cabeça pensativo, avaliando-os cuidadosamente.
-Espero que tenha um bom controle de mente, porque não vejo como vamos sair dessa.
-Não seja tão medroso. É uma criatura irracional. Não tem inteligência humana. Observe como ele nos olha não sabendo direito o que fazer.
-Pois eu acho que ele nos olha sabendo exatamente o que fazer. E algo me diz que não é coisa boa.
Ela abaixou-se depressa querendo achar a máquina fotográfica em sua mochila.
O pé invertido voltou para sua posição natural e o Curupira deu dois passos em direção a eles medindo a reação do casal. Tão rápido quanto a velocidade da luz, aproximou-se como uma rajada de fogo.
Assombrados eles primeiro se petrificaram e um segundo depois correram para a mata deixando suas coisas para trás. O rapaz sentiu quando foi atingido por alguma coisa quente que queimou sua pele e o envolveu em um fogo que consumia seu corpo em chamas.
Ele gritava em agonia, debatendo-se no chão. A amiga voltou para ajudá-lo e antes que pudesse fazê-lo foi interceptada pelo corpo escultural e imponente do mito.
Ela ergueu a cabeça para olhá-lo de perto. Era muito alto e tinha os olhos platinados. O corpo era forte e escultural e sua pele muito alva e imaculada. Seus cabelos vermelhos tinha uma franja na altura do nariz que emoldurava seu rosto e o restante dos fios eram compridos o bastante para que caissem escorridos e repicados pelo ombro em mechas sedosas.
Os lábios da garota tremiam e ela sabia que devia correr, ou pelo menos tentar. Mas estava hipnotizada pela imagem dele e talvez o medo que sentia a tenha paralisado. Ela não sabia dizer.
Se o amigo não estivesse queimando vivo bem a sua frente, teria desfrutado da visão esplendorosa que a criatura representava.
Capturada pela luz prata do seu olhar, ela ainda conseguiu perguntar.
-Quem é você?
Ele dobrou a cabeça, olhando-a profundamente. E com um voz doce e acalentadora respondeu no mesmo momento que a puxava pelo pescoço.
-Eu ? -  Sorriu encantadoramente. – Sou apenas o fruto da sua imaginação.


Wednesday, March 13, 2013

O primeiro beijo

Rico e Clara possuem naturezas diferentes que limitam a proximidade e impedem que possam estar menos de dois metros um do outro. Eles iniciam a história sendo inimigos, mas acabam se conhecendo melhor e firmando uma amizade que transforma-se em paixão. O livro pode ser baixado e lido pelo site do 4share com o nome "A lenda do Curupira".
Leia abaixo o momento em que eles vencem a barreira da aproximação e se beijam pela primeira vez....


-Clara, olha. Eu quero fazer uma coisa hoje.
-O quê?
-Eu vou dar um passo agora e quero que você no mesmo instante dê outro. Ok?
-Porque?
-Eu acho que isso pode dar certo se fizermos o movimento no mesmo instante, nossas naturezas não terão tempo de sentir, emergir e provocar uma a outra porque estarão presas na nossa metade humana por um curto espaço de tempo e nesse período conseguiremos refrear nossos instintos.
E diante do silêncio dela ele voltou a questionar.
-Acredita que consegue controlar seu corpo animista por alguns minutos?
-Eu... acho que sim.
A menina ficou instantaneamente com a garganta seca e o estômago retorceu dentro dela. Sabia o que ele ia tentar fazer e ficou ansiosa.
-Ótimo. Se você conseguir se controlar, eu também consigo, mas ambos temos que querer.
Ela estava respirando forte.  Ele parecia um pouco nervoso.
-Eu preciso saber. Você quer dar esse passo também? – Ele perguntou com a voz rouca e os seus olhos denunciavam o tamanho da ansiedade pela resposta.
A menina pensou que ele não podia imaginar o quanto ela queria.
-Quero. –Respondeu puxando fortemente o ar para os pulmões.     
-Então quando eu contar até três. Um...                               
-Dois...
-Três.

Ambos moveram-se em direção um do outro. Os tênis se esbarrando. Nunca estiveram tão juntos. Os dois irradiavam a energia de manifesto de suas naturezas. Clara segurava sua transformação, concentrando a mente no momento e no quanto queria vivê-lo nem que fosse por uma única vez.  Fechou os olhos e sentiu que o corpo obedecia sua vontade.
-Tá tudo bem? – Ele parecia preocupado.
-Sim. – E então abriu os olhos. A luz prata, que era a maior indicação de força da estranha natureza dele, estava acesa e por isso a menina sabia que o rapaz estava também em uma batalha interna com seu corpo e suas reações.
-Como se sente?
-Controlada.
Ele olhou para as mãos dela. Esticou seu dedo indicador e tocou o dela devagar. Testando, avaliando os riscos. Ela reagiu e lentamente foi entrelaçando com cuidado os outros dedos.
Ambos olhavam o procedimento fascinados. A pele formigava e eles não sabiam se era a reação contrária de seus corpos querendo emergir ou se era a intensidade do momento que eles esperaram por tanto tempo.
Ela olhou para o rosto bonito a sua frente e com essa proximidade inédita pôde notar que a luz prateada estava dando lugar a cor verde, estranhamente metálica e bem clarinha. Os olhos eram por onde ela media o quão mito ou humano ele estava. E a menina notou que ele estava mais humano do que nunca agora.
Ele alcançou a outra mão. Dessa vez mais confiante e apertou as mãos dela como para se certificar que era real. O polegar dele movia-se sutilmente sobre o dela num gesto carinhoso. Eles ficaram ali alguns segundos curtindo o momento que muitos julgariam ser impossível.
Ele olhou para a boca dela e Clara viu no rosto dele a intenção de experimentar o desconhecido e a determinação de fazê-lo. Ficou com medo de ser demais para suportarem.
Rico enxergou o medo nos olhos dela, entretanto esse era um sentimento com o qual ele estava familiarizado. Era território conhecido.
Soltou a mão direita e subiu lentamente os dedos pelo braço da menina até parar próximo ao rosto e tocá-lo com cautela.
Era um momento que nada, nem ninguém poderia impedir ou estragar. A parte mais humana, das sensações mais carnais tomou conta deles.
Rico passeou seus dedos pelos cabelos dela sentindo a maciez, era como um sonho para ele estar tão perto dela. O rapaz fechou sua mão por trás do seu pescoço e a puxou para ele. Baixou a cabeça e beijou.
Beijou com vontade. Vontade reprimida porque há dias imaginava como seria beijá-la. Foi um beijo forte e desejoso. Longo, molhado e profundo. A outra mão dele envolveu a cintura dela puxando-a para si. O hálito doce dela inebriando os sentidos dele.  A forma como ele movimentava a boca sobre a dela, lenta e sensual, deixou a menina trêmula.
Ela deixou que ele a envolvesse por completo e sentiu se entregar à doçura da boca dele. Os dedos dele em seu pescoço acariciavam sua nuca e ela pensou que a intensidade do que estava sentindo era algo irreal. Talvez ela fosse acordar a qualquer instante e descobrir que estivera sonhando.
Mas não era um sonho, a barreira inicial tinha sido quebrada. Um casal apaixonado como outro qualquer. Beijando e experimentando sensações novas e agradáveis.

Tuesday, January 22, 2013

O resgate de Clara


Entrou apressado. Soltou as correntes com um só golpe e com extremo cuidado virou a menina para olhá-la. Estava com hematomas no rosto e sua testa tinha rastro de sangue seco. Ele soltou um rugido de dor ao vê-la ferida.
Rico pegou Clara nos braços e a suspendeu para tirá-la dali. Passou pela abertura da pedra sem problemas, nenhuma magia o deteve, e logo Joshua, Finn e Cheh estavam com ele verificando o pulso e o coração da menina Clara.
-Vamos levá-la pra minha casa. Ela precisa de cuidados.
Ninguém se opôs. Damon teve o cuidado de pegar Carl pelo colarinho porque imaginou que ele tinha muitas explicações para dar.
Tempo depois Rico colocava a namorada com muito zelo no grande sofá da casa dos Salvatore. Ajoelhou-se diante dela e falou com tamanha ternura que os presentes acharam que era outra pessoa diante deles.
-Clara, por favor, acorda.
Elena apareceu com uma bacia de água quente e aproximou-se dela. Precisavam tirar toda a sujeira e o sangue de seu rosto. Olhou para Rico antes de tocar a menina e ele deu espaço para ela.
Damon havia prendido Carl no porão da casa e agora todos presenciavam a aflição dos animistas e do Curupira para voltar a menina à consciência.
Joshua colocou todo o cabelo dela para trás e tocou o rosto da amiga.
-Vamos lá Clara, você é forte. Acorda.
Rico olhava a cena e só podia pensar que se alguma coisa acontecesse à ela, ele não suportaria.
O rapaz se aproximou da namorada e Joshua se distanciou. Caroline falou bem baixo para Helena.
-Observou que eles nunca ficam muito perto um do outro? Quando Joshua se aproxima, Rico recua e vice-versa.
Damon que tinha ouvido o comentário prestou mais atenção ao detalhe.
-Até que você não é de todo burra loirinha. Você tem razão. Há alguma coisa que os impede de estar muito próximos.
Clara fez o primeiro movimento para acordar e todos se moveram em volta dela. Instantaneamente os animistas deram dois passos para trás e Rico se ajoelhou junto da menina.
Ela abriu os olhos e ele sorriu carinhoso.
-Jesus Cristo Clara, graças a Deus você acordou.
Clara ergueu a mão e tocou o rosto lindo do namorado. Sentiu a pele alva e aveludada e os quentes olhos verdes vítrios e bem clarinhos que emoldurava perfeitamente a expressão preocupada. Ela pensou que ele estava muito preocupado mesmo porque podia demonstrar isso na sua expressão e ele nunca demonstrava os sentimentos de forma tão aberta.
-Estou bem. Só um pouco fraca.
Rico olhou para Joshua.
-Ela precisa comer.
O animista olhou para os vampiros e fez uma tentativa.
-Há alguma coisa além de sangue na sua geladeira?
Stephan negou e sussurrou uma desculpa sincera.
-Tudo bem. Vou sair pra comprar algo pra ela comer.
-Eu levo você. É mais rápido de carro.
Bonnie saiu pra levar Joshua até a conveniência mais próxima e os vampiros continuaram observando o Curupira e a namorada.
-Ela é bem bonita. Por isso ele estava tão desesperado. Acho que hoje tem festinha. Se é que me entende.
Elena olhou pra ele inconformada com o comentário sem propósito.
-Cala a boca Damon.
O Curupira se sentou e puxou Clara para seu colo. Ela aninhou-se à ele e sorriu fracamente.
-Não acredito que está aqui.
-Eu disse que viria. – Ele massageou seus cabelos e beijou sua testa. – Se tivesse acontecido alguma coisa com você...eu...
A menina colocou um dedo na boca dele silenciando-o. Olhou a sua volta e viu os amigos animistas e ergueu um pouco o corpo para olhá-los.
-Vocês todos aqui. Obrigado.
Eles se aproximaram, mas não muito e sorriram pra ela claramente aliviados por vê-la acordada.
-Bem-vinda de volta.
Clara sentou-se no sofá e só então viu os vampiros que a fitava curiosos. Elena e Caroline sorriam timidamente, Damon ergueu a sobrancelha de maneira sedutora e Stephan acenou com a cabeça num cumprimento mudo, mas gentil. Ela olhou para Rico.
-Vampiros?
-Sim. Por algum motivo Carl te trouxe pra uma cidade cheia deles.
-E onde está Carl agora?
Damon se adiantou pra falar.
-No porão. Esperando para ser interrogado sob o fogo devorador do seu namorado nervosinho.
Clara olhou para Rico e imaginou o que ele teria feito para sua fama estar em evidência em tão pouco tempo. Ela o conhecia melhor que ninguém e sabia que ele podia ser intolerável algumas vezes, violento e sem medida outras.  Ele deu de ombros com olhar inocente e sem culpa.
Joshua e Bonnie retornaram com uma infinidade de alimentos que os vampiros achavam que duraria dias, mas Clara era uma felina e seu apetite explodiu nela quando viu todas aquelas coisas.
O amigo espalhou as guloseimas na mesa de centro da sala e a menina sentou-se no chão e começou a comer e beber enquanto todos olhavam impressionados para o tamanho de sua fome.
Rico sentou-se atrás dela de maneira que ela pudesse apoiar seu corpo no tórax dele. Abraçava e tocava a namorada o tempo todo, cuidando e sentindo sua pele, seu cheiro, sua presença ali. As três meninas achou que era muito lindo o cuidado e o amor tão evidente do Curupira pela garota.
Depois do que pareceu um longo tempo para alguém se alimentar, Damon não se conteve e soltou o comentário que há muito queria fazer.
-Vai conseguir comer tudo isso mesmo? Porque honestamente, nunca vi uma humana comer tanto.
Os animistas riram e Finn explicou divertido.
-Clara não é humana, vampiro. Ela é um guepardo e acredite, você ainda não a viu comer.
Eles riram novamente.
Stephan avaliou a situação. O Curupira não conseguia ficar a menos de três passos de distância dos animistas, mas podia tocar a namorada sem nenhuma restrição. Com certeza, ela não era uma animista comum e era muito curioso que eles se relacionassem.

Thursday, January 3, 2013

Os Salvatores e o Curupira na Tumba


Os animistas voltaram para seus corpos humanos e Rico vestiu a camiseta. Olhou para Tayler e com voz mansa e calma perguntou.
-Onde está essa tal de Bonnie?
Elena temeu pela amiga e se adiantou para falar com o Curupira.
-Ela é nossa amiga e não vamos entregá-la a você.
Caroline se uniu a Helena.
-Ela jamais faria mal a alguém. Não deve nem saber que está sendo procurada.
Finn entrou entre ele e as moças.
-Rico, vamos com um passo de cada vez. Primeiro o Carl.
Stephan falou olhando direto para a criatura.
-Acho que podemos te ajudar. Porque não vamos para minha casa avaliar todos os pontos antes de irem atrás dessa Carl? Tem alguma coisa nessa história além do que todos aqui podemos entender. Talvez possamos descobrir juntos já que uma de nossas amigas está sendo procurada para fazer parte disso.
Podemos pedir que ela venha falar com vocês se nos prometerem não machucá-la.
Damon interrompeu o irmão.
-Está convidando o tostador vivo de vampiros para entrar na nossa casa? Ficou louco, Stephan?
Stephan fez sinal para Damon ficar calado.
Joshua olhou para o Rico.
-Carl é esperto e deve estar preparado para nós. Ele não deve mantê-la na casa dele Rico e ele com certeza não está sozinho nessa. Vamos aceitar a proposta deles, nos ajudaram hoje e podem ser úteis nesse lance da bruxa.

O Curupira concordou. Os Salvatores, os garotos animistas junto com o vampiro informante começaram a caminhar. Rico foi logo atrás. Elena e Caroline viraram um vulto pela floresta e em instantes estavam de frente com a casa da amiga. Tayler voltou pra casa porque Klaus precisava falar com ele e ninguém queria que o vampiro original desconfiasse do que estava acontecendo.
Damon arriscou uma conversa.
-O que é você afinal? Um cometa-humano, uma labareda do além ou n.da, que que dizer, nenhuma das alternativas?
-Um Curupira.
-E o que é isso?
-Porque quer saber?
-Não sei. Talvez porque não queira ser atingidos pelas suas bolotinhas de fogo peludas enquanto dou minha voltinha matinal pela cidade.
-São angras.
-Muito esclarecedor. 

Elena e Caroline explicaram rapidamente à Bonnie o que tinha acontecido e ela custou a acreditar.
-Mas Elena, o que é essa criatura e o que eu tenho a ver com a pessoa que ela está procurando?
-Quando estávamos lá na casa das bruxas, um dos garotos que o Damon chama de animista disse qualquer coisa do tipo “Curupira teimoso”.
Bonnie pensou um pouco e falou.
-Vamos até a escola. Podemos achar alguma coisa nos arquivos da biblioteca.
Uma hora depois as meninas tinham em mãos algumas informações sobre o Curupira e toda a sua lenda.
-Ouçam meninas : “O Curupira é um ser fantástico, que segundo a crença popular, habita em florestas. É um encantador de mentes com poderes extraordinários  e uma das mais populares e espantosas criaturas lendárias das matas brasileiras. Perigoso, astuto e feroz, o Curupira possui temperamento instável e grande irritabilidade”.
Elena ficou intrigada com uma questão em particular.
-Damon disse que os animistas são caçadores de lendas naturais. Se o Curupira é originário de uma crença popular, então como ele pode andar juntos com os garotos animistas?
-Pois é, deviam ser inimigos.
Bonnie raciocinou sobre a dúvida da amiga e perguntou curiosa.
-Essa tal Clara que eles procuram, o que ela é? Uma humana, uma animista ou parte de uma crença popular?
-Não sabemos Bonnie.
-Então vamos perguntar.
-Vai até ele? – Caroline perguntou à amiga um pouco duvidosa.
-Claro que sim. Se vou ser envolvida nessa história, quero ao menos sabe onde estou entrando.

Os garotos ficaram impressionados com o esplendor da casa dos vampiros. Damon encheu um  copo de whisky e sorveu a bebida num grande gole. Estendeu a garrafa ao Curupira que bebeu no bico e devolveu a garrafa à ele.
Joshua balançou a cabeça em desaprovação. Rico voltou-se para o informante e nada paciente perguntou.
-Onde fica a casa do Carl?
-Ele está em uma casa próxima da escola. Ele tem observado os alunos de perto porque acha que a bruxa podia ser uma jovem estudante.
-Quem está com ele?
-Não conheço as pessoas.
-Quantos são?
-Sempre vejo dois outros caras com ele.
-Tudo bem. Vamos até lá.
Stephan se antecipou.
-Melhor esperarem aqui. Eu vou com o Damon e trazemos esse tal de Carl pra você. A escola tem muito movimento e qualquer coisa que acontecer por lá poderá chamar muita atenção.
-Porque faria isso vampiro? O que vai querer em troca?
-Queremos entender o que está acontecendo porque achamos que isso vai envolver mais pessoas que conhecemos e também temos sido bastante discretos para podermos viver uma vida tranquila por aqui. Não queremos alarmar nada que possa chamar atenção do conselho da cidade e você não parece estar muito preocupado com isso.
Damon completou o pensamento do irmão.
-Além do que, estamos querendo que você incendeie uns vampiros que não gostamos e se você nos dever algum favor fica mais fácil.
Stephan fez sinal para que o vampiro informante fosse na frente. Os três saíram e Rico começou a subir as escadas da casa. Joshua olhou pra ele espantado.
-Onde vai?
-Conhecer o território dos vampiros. Não confio neles.
Finn e Cheh concordaram que era bom olhar ao redor e por fim os garotos espalharam-se pela casa.

Meia hora depois as meninas entraram na casa. Bonnie estava com elas e foi a última a entrar.
-Damon ? Stephan?
-Não estão aqui.
-Mas eles estavam vindo pra cá.
-Vai ver encontraram a garota que procuravam.
-Não encontramos.
A voz cálida e baixa do Curupira fez ouvir. As três olharam o rapaz descer as escadas e olharam uma para a outra.
-Seus amigos foram buscar Carl, estamos esperando eles chegarem.
O mito olhou para Bonnie e os olhos acenderam perigosamente. Sabia que devia ser a bruxa porque ela não era vampira. Cheh, Finn e Joshua vieram de partes diferentes da casa e encararam as meninas.
Bonnie olhou os meninos e achou que eles eram interessantes. Bem interessantes na verdade. Sorriu simpática pra eles. Cheh se adiantou.
-Oi. Sou Cheh, esse é o Finn e Joshua. Ele é o Rico.
-Sou Bonnie. A bruxa.
Os animistas entreolharam-se e encararam Rico. Temeram que o mau gênio dele se antecipasse e causasse algum problema com a bruxinha, mas ele parecia controlado.
-A menina que procuram, o que ela tem de especial para ter sido raptada?
-Não é da sua conta bruxa. Vamos resgatá-la e voltaremos pra casa.
-De onde são?
Joshua falou mansamente querendo desculpar a falta de educação do mito para com a moça.
-Somos do Brasil. Vivemos no Amazonas.
A porta se abriu e Damon apareceu segurando Carl pelo colarinho. Stephan estava ao lado dele e como era de esperar o vampiro informante não voltou.
Rico virou um jato de luz e agarrou o homem pelo pescoço. Jogou ele do outro lado da sala e Joshua já estava com o pé na garganta dele quando falou.
-Sem rodeios Carl. Onde ela está?
O Curupira se aproximou e sua camiseta já se consumia pelo calor do peito e os pequenos pedaços incendiados caíram pelo chão, os olhos faiscantes e a voz ameaçadoramente gélida.
-Se ela estiver machucada, vou arrancar cada membro do seu corpo a sangue frio.
Joshua pressionou um pouco mais a garganta e o homem ameaçou sufocar.
Bonnie olhava horrorizada a cena violenta diante dos seus olhos. Os demais ficaram a um canto observando. Finn e Cheh aproximaram-se para interrogar.
-Não vai sair dessa ileso homem, então fala logo pra poder negociar sua sobrevivência.
Carl estava muito vermelho e mal podia respirar. Joshua deixou seu corpo animal emergir e suspendeu o homem pela camisa. Ele olhou para o Curupira e um resquício de pavor passou por seu rosto arroxeado.
-Na tumba. Ela foi colocada na tumba.
Os vampiros e a bruxa entreolharam-se porque sabiam que a tumba era fechada com magia e não tinham certeza se a menina de fato estaria lá, ou se o homem chamado Carl estava tentando ganhar tempo.
Para ela ter sido colocada lá teria que ter sido aberta por um bruxo ou um vampiro. Logo puderam imaginar que havia algo acontecendo que envolvia bruxos, vampiros, animistas e agora uma lenda natural chamada Curupira. Era muito, muito estranho.
O lince soltou Carl que caiu tossindo. Rico tentava controlar seu ímpeto de matar o homem a sua frente. Respirou fundo e agachou-se. S
Seus olhos brilhantes e ameaçadores encararam o homem desafiadoramente.
-Onde fica essa merda de tumba?
-Embaixo das ruínas da velha igreja próxima a floresta.
Rico falou para Stephan e perguntou com voz branda e baixa.
-Sabe como chegar lá?
Stephan consentiu e logo todos eles caminhavam rumo ao local onde Clara possivelmente era mantida prisioneira. As meninas decidiram esperar por eles na casa.
O lugar era úmido e apertado. Damon empurrou a pedra que fechava a entrada.
Um corpo desacordado e acorrentado à parede fria surgiu diante dos olhos dele. O Curupira correu ansioso mas foi detido por Stephan.
-Não sei quanto a você, mas nós vampiros uma vez ai dentro, não podemos mais sair.
Rico não se importava. Se tivesse que ficar o resto de sua existência preso ali, então ficaria, mas ficaria com ela que era sua razão de viver.